ATA DA SEXAGÉSIMA OITAVA
SESSÃO ORDINÁRIA DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM
25.06.1987
Aos vinte e quatro dias do
mês de junho do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se, na Sala de
Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua
Sexagésima Oitava Sessão Ordinária da Quinta Sessão Legislativa Ordinária da
Nona Legislatura. Às quatorze horas e cinco minutos, constatada a existência de
“quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que
fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da Sexagésima Sétima Sessão
Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Aranha Filho,
01 Pedido de Providências, solicitando que a Secretaria Municipal dos
Transportes proíba, colocando uma placa impeditiva, o estacionamento de táxis
na Av. Iguaçu, trecho compreendido entre a Av. Carlos Gomes e Rua Eng.
Ildefonso Simões Lopes; pelo Ver. Clóvis Brum, 04 Pedidos de Providências,
solicitando a substituição de lâmpadas queimadas na Rua São Lucas, em frente
aos nos 218; 69; na Rua Jerusalém, em frente ao n° 640; implantação
de ponto de luz em frente ao n° 506 da Rua São Benedito; pela Verª Jussara
Cony, 01 Pedido de Informações, acerca dos terrenos desocupados existentes e
propriedade da Prefeitura; pelo Ver. Nilton Comin, 01 Pedido de Providências,
solicitando esgoto cloacal na Rua Barão do Amazonas, numa extensão de trinta
metros, nas imediações do prédio n° 1176. Do EXPEDIENTE constaram: Ofício s/n°
do Sr. Presidente da Comissão Especial constituída para examinar o Projeto de
Lei Complementar do Legislativo n° 18/86; Carta do Sr. Deputado Estadual Algir
Lorenzon; Telex do Sr. Presidente da Câmara Municipal de Uruguaiana, RS. A
seguir, o Sr. Presidente deferiu Requerimentos do Ver. Cleom Guatimozim,
solicitando que o Projeto de Lei do Executivo n° 23/87, seja incluído na Ordem
do Dia por força do art. 44 da Lei Orgânica Municipal; do Ver. Nilton Comin,
solicitando que o Projeto de Lei do Legislativo n° 107/83, seja desarquivado e retomada
a tramitação regimental. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Antonio Hohlfeldt
comentou ato público a ser realizado hoje, em apoio aos dirigentes do Movimento
de Direitos Humanos do Rio Grande do Sul, que vêm sofrendo campanhas que visam
prejudicar a respeitabilidade pública de S.Sas. Criticou a decisão do Poder
Judiciário de identificação criminal dos Senhores Jair Krischke, Omar Ferri e
Augustino Veit, dizendo que o ato público a ser realizado hoje denunciará a
conivência do Gov. Pedro Simon e do Secretário de Segurança Pública com esta
decisão. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Clóvis Brum contestou o pronunciamento feito,
hoje, pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, onde é criticada a pessoa do Sr. Secretário
de Segurança Pública, Dr. Waldir Walter. Declarou que este Secretário foi a voz
que se levantou contra o arbítrio e a ditadura durante o período repressivo que
atravessou o País, reafirmando sua confiança inabalável em S.Sa. O Ver. Isaac
Ainhorn, comentou notícia veiculada na imprensa, acerca da ausência de segurança
na Câmara Municipal de Porto Alegre. Salientou o alto nível do serviço de
segurança da Casa, comentando a maneira conciliatória como agem os
profissionais responsáveis pela segurança deste Legislativo. Discorreu acerca
do pedido de expulsão do Embaixador de Israel no Brasil, feito pelo Dep. Amaury
Müller, lamentando a atitude de S.Exa. e dizendo ter sido a mesma um
posicionamento pessoal e não da Bancada do PDT. Ainda em COMUNICAÇÃO DE LÍDER,
o Ver. Jorge Goularte ponderou sobre as dificuldades existentes no
relacionamento entre o Executivo e o Legislativo Municipal. Perguntou se a
responsabilidade da coordenadoria político-administrativa do Executivo
Municipal é do Chefe do Executivo ou do Secretário da Administração, comentando
reportagem veiculada em jornais da Capital, em que o Secretário da
Administração critica a aprovação do Projeto de Lei do Legislativo n° 03/87.
Ainda em COMUNICAÇÕES, a Verª Gladis Mantelli discorreu sobre o comparecimento,
a esta Casa, da Profª Neuza Canabarro, destacando que o mesmo serviu para
esclarecer problemas observados em visitas feitas anteriormente às escolas
públicas municipais. Analisou solicitações feitas à Secretária Municipal de
Educação e Cultura, de recursos materiais e de pessoal para as escolas
municipais e medidas que deverão ser adotadas pela Comissão de Educação e
Cultura, na busca de soluções e esclarecimentos dos problemas enfrentados pela
área educacional de Porto Alegre. O Ver. Rafael Santos, falou sobre os debates
que vêm sendo realizados em torno dos trabalhos da Assembléia Nacional
Constituinte, estranhando que não sejam observadas maiores discussões acerca da
possibilidade de legalização do jogo no País. Analisou o assunto, defendendo
esta legalização, em vista dos altos recursos que traria à receita nacional e a
grande difusão do jogo, mesmo clandestinamente, entre o povo brasileiro. Em
COMUNICAÇÃO DE PRESIDENTE, o Ver. Brochado da Rocha discorreu acerca do aumento
concedido por esta Casa ao Prefeito Municipal, esclarecendo notícia publicada
na imprensa da Cidade, sobre a possibilidade de que o Tribunal de Contas venha
a solicitar a incostitucionalidade deste aumento. Falou sobre as campanhas que
vêm sendo realizadas em prejuízo dos políticos e dos funcionários públicos,
salientando a importância de uma profunda análise por parte da classe política
acerca de sua própria conduta dentro do panorama apresentado pela sociedade
brasileira. Ainda em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Cleom Guatimozim teceu
comentários sobre manifestação feita pelo Deputado Pedetista Amaury Müller, que
solicitou a expulsão do Embaixador de Israel no Brasil, declarando ser este um
posicionamento particular e não um reflexo da ideologia defendida pelo seu
Partido. Falou sobre a comunidade de Israel e as relações diplomáticas por ela
mantidas com nosso País. Durante os trabalhos, foi feita comunicação pelo Ver.
Aranha Filho, de fato ocorrido hoje pela manhã, de denúncia da existência de
uma bomba no Colégio Farroupilha, o que acarretou a suspensão das aulas naquela
instituição. Após, por solicitação do Ver. Jaques Machado, foi feita a
verificação de “quorum”. Constatada a inexistência de “quorum”, o Sr.
Presidente levantou os trabalhos às quinze horas e quarenta minutos, convocando
os Senhores Vereadores para as reuniões das Comissões Permanentes e convido-os
para a Sessão Solene, a seguir, em homenagem ao transcurso dos quinze anos da
Fundação Gaúcha de Empresas do Mercado Imobiliário, Agademi. Os trabalhos foram
presididos pelos Vereadores Teresinha Irigaray, Gladis Mantelli, Frederico Barbosa,
Jaques Machado e Jorge Goularte, o último nos termos do art. 11, § 3° do
Regimento Interno, e secretariados pelos Vereadores Jaques Machado e Isaac
Ainhorn, o último como Secretário “as hoc”. Do que eu, Jaques Machado, 3°
Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada,
será assinada pelos Senhores Presidente e 1ª Secretária.
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha Irigaray): Em Comunicação de Líder,
pelo PT, o Ver Antonio Hohlfeldt.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Srs. Presidente e Srs.
Vereadores, às 14h30min., na volta do Gasômetro, próximo ao espaço do DMLU,
estará ocorrendo um Ato Público de apoio aos dirigentes integrantes e
responsáveis do Movimento de Direitos Humanos do Rio Grande que, nos últimos
meses, vêm sofrendo sistemática campanha que busca, embora em vão, diminuir a
respeitabilidade daqueles cidadãos cujo crime é exatamente a defesa dos direito
humanos neste País, especialmente em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul. Todos
os Vereadores e a população do Rio Grande do Sul acompanham a luta de Jair
Krischke, um comerciário, de Augustino Weitt, um advogado, e de Omar Ferri,
todos em defesa dos cidadãos que não têm condições de se defenderem
individualmente. Em conseqüência, a atuação do Movimento de Direitos Humanos em
defesa, sobretudo, da cidadania e do respeito que o Estado deve aos cidadãos,
já que, em última análise, embora tão pouco respeitada até mesmo pelo texto da
Constituição da ditadura, que manteve as palavras de que todo o poder emana do
povo e que, portanto, o Estado é uma concessão do povo na sua organização
concreta de um governo e que as autoridades desse Estado devem ao povo a
explicação dos seus atos.
Há três
semanas atrás, assistimos à decisão lamentável do Poder Judiciário. Não se
entende baseado em que aquele Órgão decidiu pela identificação criminal do
ex-presidente e fundador do Movimento, Jair Krischke, do advogado Omar Ferri e
do atual presidente Augusto Weitt.
Me pede o Ver.
Pedro Ruas que o inclua neste pronunciamento e a Verª Jussara Cony, também, o
que faço com muita honra.
O ato de hoje,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é um ato que serve, de um lado, para
reafirmar a disposição de alguns cidadãos desta Pátria em não temerem, em não
se curvarem ao arbítrio, à violência institucionalizada. E de outro lado é,
também, um ato pelo qual denunciamos o Governo Pedro Simon e o Secretário da
Segurança Pública, Waldir Walter, pela irresponsabilidade e conivência com atos
como os que foram praticados no âmbito da Polícia Civil quando da identificação
dos três citados cidadãos, quando centenas de policiais se reuniram para vaiar
e tentar diminuir a respeitabilidade daqueles cidadãos, ferindo não só a ética
da cidadania, como também a ética que lhes caberia manter como policiais, como
funcionários públicos, que devem respeito aos cidadãos desta Cidade, que pagam
os impostos dos quais saem os seus salários.
Somos dos
vários que apoiamos o movimento grevista, tanto dos funcionários estaduais
quanto municipais, incluídos os servidores policiais, porque entendemos que
nenhum policial pode ter a sua atividade bem cumprida com salários indignos,
porque abrirá caminho para a sua iniqüidade, para a contravenção que eles devem
procurar extirpar do seio social.
Não podemos,
no entanto, calar quando estes policiais traem seu juramento e se prejulgam
impossíveis de serem julgados, se consideram fora das leis sociais e, portanto,
impuníveis. Lastimamos, enfim, uma decisão até agora tão pouco explicável, de
uma autoridade jurídica, que ao invés de ler o que consta dos Autos, preferiu
julgar preconceituosamente.
Fica aqui,
portanto, o nosso registro do fato, o nosso protesto, inclusive, ao Sr.
Governador do Estado, que silenciou coniventemente, tanto quanto o Sr.
Secretário titular da Secretaria de Segurança Pública do Estado, Sr. Waldir
Walter, Dep. Estadual, cuja atividade, aliás, vem deixando muito a desejar
neste Estado. E, sobretudo, o nosso registro, Sra. Presidente, da nossa
disposição de continuar nessa luta, sejam quais forem as ameaças que pairem
sobre aqueles que pretendem defender os direitos humanos do cidadão brasileiro.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Passamos às
COMUNICAÇÕES
Primeiro
orador inscrito, Ver. Jaques Machado, que cede o seu tempo ao Ver. Clóvis Brum.
V. Exa. está com a palavra.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, desejo contestar na íntegra o pronunciamento do Líder do PT em
relação à pessoa do Sr. Secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Sul. É
inconcebível que se faça qualquer acusação à conduta retilínea, à conduta
exemplar, à conduta patriótica, à conduta séria do Secretário da Segurança
Pública, Dr. Waldir Walter, que não é o Secretário por acaso, mas a voz que se
levantou durante os períodos mais negros da ditadura. Enquanto a Liderança do
PT exercia um cargo de confiança da ditadura, era o Secretário Waldir Walter,
Deputado, que levantava o calor da sua eloqüência e da sua inteligência em
defesa das instituições democráticas. Defender hoje as instituições
democráticas, depois da longa noite de arbítrio, é muito fácil! Enquanto a
Liderança o PT exercia uma função de confiança no Governo da ditadura, era
exatamente o Dr. Waldir Walter, hoje Secretário da Segurança Pública, que
defendia as instituições, que não media as conseqüências das suas posições, mas
que combatia o bom combate. Portanto, dizer qualquer palavra à ação do
Secretário da Segurança Pública é desconhecer a história deste Estado, é
esquecer a luta do grande democrata que é o Secretário da Segurança Pública. E
vou dizer mais, lamento profundamente o que ocorreu no pátio do prédio da
Polícia Civil. Não aplaudo as falhas que ali ocorreram, mas não posso dizer que
o Secretário da Segurança Pública não fez tudo para evitar, inclusive falou às
pessoas que seriam identificadas criminalmente, não por exigência da Polícia
Civil do Rio Grande o Sul, não por exigência a Secretaria de Segurança Pública,
mas por determinação judicial. A identificação criminal dos representantes da
Comissão de Direitos Humanos ocorreu por decisão judicial, apenas a Secretaria
de Segurança Pública, através das delegacias especializadas, cumpriu a decisão
do Poder Judiciário. Quis o Secretário da Segurança Pública amenizar este fato,
evitar este fato, propôs locais especiais para que fosse ocorrida a identificação
das ilustres pessoas identificadas, pois estas ilustres pessoas, onde tem
valorosos companheiros nossos, não aceitaram e ocorreu que, em desentendimentos
entre estas pessoas, o Promotor Público - é a própria decisão do Poder
Judiciário que determina a identificação criminal - fez com que tudo se
desenvolvesse no prédio da Polícia.
O Secretário
desenvolveu uma série de preocupações no sentido de evitar este mal-entendido
que culminou com as vaias. Eu quero dizer com toda tranqüilidade que se dizer
alguma palavra contra o Secretário de Segurança Pública e contra o Governador é
uma injustiça que se comete com estas duas autoridades.
O Sr. Cleom Guatimozim: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu também me coloco ao lado do Secretário da Segurança
Pública, Dr. Waldir Walter, que ofereceu àqueles que, em cumprimento de uma
decisão judicial, iam ser identificados, para serem identificados dentro do seu
gabinete. Mas interessava a segmentos políticos a propaganda de submeter à
exposição pública os identificados da Secretaria de Segurança. Tomaram uma
vaia, uma vaia normal nos dias de hoje. Nesta Casa, nós somos vaiados,
seguidamente, nos nossos votos. Esta vaia que tomaram os representantes dos
Direitos Humanos deve ser porque, na Revolução, alguns deles estavam na França,
passeando, ou coisa parecida. Agora, o Sr. Waldir Walter ofereceu o seu
gabinete para identificação e eles não aceitaram. Queriam a propaganda que
estão levando.
O Sr. Jorge Goularte: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Clóvis Brum, eu sou suspeito, inclusive, em sair
em defesa do meu colega de aula, Dr. Waldir Walter, com o qual convivi durante
cinco anos na Faculdade de Direito da UFRGS. Não se pode confundir a
tranqüilidade do Secretário com omissão. Ele é um homem tranqüilo, que tem uma
capacidade muito grande, que tem um passado inatacável e, como disse o Ver.
Cleom, ele ofereceu seu próprio gabinete para receber estes senhores. Portanto,
é lamentável a crítica a uma pessoa que, durante toda a sua vida, foi um
democrata autêntico e um homem do mais alto gabarito no Rio Grande do Sul.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sou grato. Finalizo dizendo
que não concebo, não aceito e não admito que alguém, que durante a longa noite
do arbítrio esteve em Cargo de Comissão do regime, venha agora tentar denegrir
o trabalho de um defensor das instituições, de um combatente das instituições,
daquele que usou o seu mandato e a sua palavra para defesa das instituições
democráticas. E se hoje este Parlamento está aberto, se hoje as demais Casas
Legislativas e a própria democracia, ainda iniciante, é verdade, tenta se
consolidar neste País, é porque têm muito do trabalho do Deputado Waldir
Walter. Não pode um Vereador do PT chegar aqui e tentar denegrir um passado de
luta com foi o do Deputado Waldir Walter. Portanto, ao refutar estas afirmações
impensadas e levianas da Liderança do PT, eu reafirmo a minha confiança
inabalável no trabalho do Secretário de Segurança Pública, que há de dar à
família rio-grandense a segurança que ela tanto merece e tanto almeja. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Isaac
Ainhorn.
O SR. ISAAC AINHORN: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, dois assuntos me trazem à tribuna
nesta tarde, um deles, de uma notícia referida no jornal Zero Hora, de
hoje, no sentido de que não há segurança nas dependências da Câmara de
Vereadores de Porto Alegre, registrando que em dois meses já houve dois
assaltos, e que há dias um cidadão entrou no gabinete de um Vereador, afirmando
que era ex-presidiário e que faria alguma coisa se não lhe dessem dinheiro.
Antes de mais nada, Sra. Presidente e Srs. Vereadores, queria hipotecar a minha
solidariedade plena aos funcionários encarregados pela segurança da Casa; são
funcionários operosos e zelosos por sua atividade, evidentemente, e muito
hábeis na condução do serviço de segurança desta Casa. Portanto, esta Casa é a
Casa do Povo e não pode se constituir em uma Casa que tenha uma força de
segurança ostensiva e autoritária. Pelo contrário, as coisas em nível de
segurança são conduzidas dentro de um clima cordial, evitando que muitas vezes
haja o conflito; em dezenas de vezes, neste curto espaço de um ano e meio,
tempo que exerço o mandato de Vereador da cidade de Porto Alegre, observo
sempre o espírito de conciliação e de cuidado com os bens e o patrimônio desta
Casa e, sobretudo, da segurança dos que aqui comparecem e dos Senhores
Vereadores desta Casa. Podem até ocorrer algumas situações em um momento ou
outro em que fatos venham a ocorrer de ilícitos, mas isso transcende, muitas
vezes, a própria segurança da Casa, que exerce satisfatória e plenamente o seu
trabalho na Câmara dos Vereadores.
Portanto, eu
entendo que a segurança desta Casa é exercida com competência, com dedicação e,
sobretudo, com espírito de conciliação, para que não iniba a presença de
populares aqui nesta Casa, porque nenhum segurança pode estar constrangendo as
pessoas como se fosse uma repartição autoritária. Não! Aqui é a Casa do Povo e,
evidentemente, podem acontecer fatos que não são propriamente fatos que ocorrem
só aqui, mas que ocorrem em toda a nossa Capital. Exemplo disso, recentemente
um fato tremendamente desagradável, que tive a oportunidade de assistir na
Assembléia Legislativa do Estado quando do lançamento do Movimento Gaúcho pela
Constituinte, quando um popular no Plenário daquela Casa, angustiado, numa
tremenda crise existencial, desferiu contra si próprio três facadas. São coisas
que transcendem ao próprio serviço de segurança; são fatos que acontecem e que
chegam a uma situação verdadeiramente impeditiva... A minha solidariedade
àquelas pessoas que fazem o serviço de segurança da Casa, e tenho visto e
observado, no curso de todo este tempo que estou aqui, o trabalho mais do que
plenamente satisfatório. É feito com muita responsabilidade e bom senso.
Outro assunto
que gostaria de me referir hoje é sobre uma notícia veiculada no “Correio do
Povo” e em muitos outros jornais do País, de que um Deputado do meu Partido
pedia a expulsão do Embaixador de Israel no Brasil, imediatamente, às
autoridades do Itamarati. Sinceramente, lamento este episódio do meu
companheiro de Partido, Deputado Federal. Entendo que se ele fez esta
manifestação, o fez em caráter estritamente pessoal e não em nome do PDT,
porquanto, não entrando no mérito da questão, do ato praticado pelo Embaixador,
não compete a este Parlamentar falar em nome do Partido Democrático
Trabalhista, neste sentido. Por esta razão, apelarei ao Líder da minha Bancada
para que se pronuncie a respeito do assunto e tenho certeza que, pela
sensibilidade de homem público desta Liderança, que esse Vereador saberá dar as
devidas explicações para um episódio lamentável, porquanto a posição pessoal
desse Parlamentar é de apoio a uma organização que eu pessoalmente entendo como
uma organização terrorista, a Organização da Libertação da Palestina, digo bem
a ALP, não falo do povo palestino.
Agora, não se
pode gratuitamente assacar acusações contra o Embaixador que representa o
Estado soberano e que tem com o nosso País as mais amistosas e cordiais
relações comerciais, culturais e diplomáticas, sobretudo quando nosso País tem
responsabilidade muito maior e o nosso Estado, sobretudo, porquanto foi sobre a
presidência do Chanceler Osvaldo Aranha que foi declarada a independência do
Estado de Israel, a 14 de maio de 1948.
O Sr. Flávio Coulon: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Issac Ainhorn, ontem o Ver. Jorge Goularte já
ocupava a tribuna para referir-se a esse exato tema, também na mesma linha de
pensamento que V. Exa. está colocando. Como falava em tempo de Liderança, não
pude apartá-lo. Com todo o respeito que tenho pela imprensa de todo o País,
pelo que eu conheço do Dep. Amaury Müller e pelo que eu conheço da sigla do
PDT, eu perguntaria a V. Exa. se foi feito um contato com o Dep. Amaury Müller
para ver se realmente essas insólitas declarações dele, absolutamente
insólitas, porque eu não vejo qual a autoridade moral de um Deputado solicitar
a expulsão de qualquer Embaixador de qualquer País, de modo que é tão insólito
isso que eu até me atreveria a achar que seria um lapso da imprensa a respeito
desse problema. Eu perguntaria a V. Exa. se teve notícias, teve contato
direto...
O SR. ISAAC AINHORN: Eu realmente, nobre
Vereador, eu lhe informo que não tive contato. Aliás, eu estou ocupando esta
tribuna justamente para desfazer inclusive mal-entendidos e pedir, nesse
sentido, a manifestação de meu Líder, nesta Casa, porquanto a notícia do Jornal
de Brasília de ontem dava a seguinte manchete: “PDT quer expulsar Embaixador de
Israel”. Evidentemente, eu só posso acreditar que se trata de uma manchete de
natureza jornalística, porquanto o nosso Partido tem uma orientação
completamente inversa, e, aliás, não é dessa maneira, não é o nosso Partido que
vai pedir expulsão de diplomata, quando o assunto não afeta, sobretudo, a
soberania e a defesa e a autodeterminação do nosso País.
O Sr. Jorge Goularte: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) É lamentável, sob todos os aspectos, a atitude do
Deputado Amaury Müller, que poderia aparecer de outra forma, pintando as
orelhas de prateado, botando um sino batendo no traseiro, e não se metendo a
dar opinião tão intempestiva num assunto desta ordem. Um país amigo, onde vive
uma comunidade enorme, aqui no Brasil, ele se insurge contra o próprio País,
porque está dentro do seu País e tem uma convivência de uma comunidade atuante,
pacífica, ordeira e não poderia o Deputado sair a dar o seu parecer, como se
fosse do Partido, quando deve ser apenas algo pessoal.
O Sr. Kenny Braga: Acho que esse fato está
assumindo uma dimensão política e ideológica que ele, realmente, não tem,
porque na raiz do pronunciamento, na raiz dessa desinteligência momentânea,
está a prisão, a condenação à prisão perpétua de uma brasileira em Israel. Não
vem ao caso examinar se Israel agiu corretamente ou não. Mas eu quero explicar
a raiz deste acontecimento. Então, Deputados brasileiros, de várias tendências
políticas, de vários partidos, manifestaram-se pela expulsão da brasileira.
O SR. ISAAC AINHORN: É uma forma de evitar a
prisão perpétua.
(Apartes
paralelos.)
O Sr. Kenny Braga: Gostaria de ver uma irmã sua
condenada à prisão perpétua em qualquer outro país?
O SR. ISAAC AINHORN: O que me traz a esta
questão é que este parlamentar tem tido, sistematicamente, uma posição em favor
da Organização Terrorista OLP, em detrimento ao soberano Estado de Israel, com
quem nosso País mantém as mais cordiais relações.
O Sr. Aranha Filho: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Só para me somar ao aparte dos Vereadores a ao
pronunciamento de V. Exa. e para dizer que é lamentável, baixo, todos os
adjetivos possíveis e imagináveis, do Dep. Amaury Müller. Muito obrigado.
O SR. ISAAC AINHORN: Agradeço pela
condescendência para que fosse ultrapassado em alguns minutos o tempo
regimental e regulamentar. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. FLÁVIO COULON (Questão de Ordem): Não seria bem uma Questão de
Ordem, eu apenas gostaria de um esclarecimento da Mesa. Por ocasião da votação
do novo salário do Sr. Prefeito, embasei o meu voto nas informações que tinha
da Auditoria e da Presidência da Casa, no sentido de que o ato era
absolutamente legal e constitucional.
De modo que
peço esclarecimento à Presidência a respeito de uma nota que foi publicada no
Correio do Povo, de hoje, na coluna do Jornalista José Barrionuevo, que diz que
o aumento do Prefeito Alceu Collares é ilegal na opinião dos Conselheiros do
Tribunal de Contas do Estado, que já estão com as baterias voltadas para o Paço
Municipal. Sem entrar no mérito, o Tribunal só espera publicação no Diário
Oficial para cassar o reajuste. Eu faço esta indagação porque a resposta que eu
obtive é que o Tribunal de Contas havia sido consultado a respeito deste
assunto, e este esclarecimento me foi especificamente referido, de que os
auditores do Tribunal haviam sido consultados.
A SR. PRESIDENTE: A Mesa ouviu com atenção V. Exa. e, no
decurso da Sessão, dará a devida resposta.
Em Comunicação
de Líder, o Ver. Jorge Goularte, pelo PL.
O SR. JORGE GOULARTE: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, realmente fica muito difícil a convivência deste Legislativo e do
Poder Executivo quando, apesar dos esforços do Sr. Prefeito, do Líder do PDT
nesta Casa, de diversos secretários, hoje lemos nos jornais que o Sr. Fadel
deitou falação numa hora em que deveria muito bem ter ficado calado. Prestaria
um serviço muito grande a Porto Alegre se tivesse ficado restrito às suas
funções. Afinal, é de se perguntar ao Prefeito quem e com qual poder faz as
ligações, os acordos, enfim, age de interligação com esta Casa: é o Prefeito, é
a Liderança ou é o Sr. Gabriel Fadel? Ora, é impossível se trabalhar dessa
forma. Se foi dito que o Prefeito tinha aceito assinar e sancionar aquela Lei,
eliminando o vício de origem, todos votamos conscientemente em função dessa
informação, dadas pelo Líder do PDT nesta Casa, para no outro dia sermos
apunhalados desta forma? Na calada da noite, do alto da sua grande
responsabilidade de Secretário de Administração – “secretariozinho da
administraçãozinha” - resolve dar essa? A SMA, Ver. Kenny Braga, nenhum
político pega, porque é algo para tecnocrata que fica calado e não se mete no
que não sabe falar. Pergunto ao Prefeito: afinal, vai ficar assim? O Sr. Fadel
é quem comanda a política nesta Casa ou é o Líder que, sempre, com sua
disposição, postura e amizade que tem com todos, esclarece esta Casa e coloca
as posições do Governo? É o Sr. Fadel, que nem aparece nesta Casa e poucos
Vereadores o conhecem? Ora, é completamente impossível calarmos diante das
declarações do nobre Secretário do Município, de uma Secretaria cujos
tecnocratas não devem meter-se em assuntos políticos. Algum Vereador aceitaria
ser Secretário de Administração? Exatamente porque lá deve ter um técnico e não
se meter nos chinelos que não conhece. Agora, vamos mesmo - mais ainda -
examinarmos os projetos que vêm de lá. Ah! Quer dizer que foi “trenzinho”? Os
projetos que tratam de pessoal agora vão ser examinados com muito mais rigor.
Trenzinho? Como? Se foi dito desta tribuna pelo Líder do PDT que o Prefeito
Municipal aceitou a inclusão daqueles funcionários que ficaram fora da Lei 81.
Mas, afinal de contas, quem está falando a verdade? É o Sr. Prefeito Municipal?
É o Ver. Cleom Guatimozim? Ou é esse Gabriel Fadel?
Então, é
preciso que se diga que se ele quer ser Vereador está começando muito mal, está
se insurgindo contra o Parlamento de sua Cidade.
Então, faço
aqui um Pedido de Informações ao Prefeito Municipal: afinal, quem manda no
Poder Executivo? Quem comanda a política de interligação entre o Poder
Executivo harmônico com esta Casa, é o Líder do PDT ou é o Secretário da
Administração?
Que o Prefeito
Municipal determine se continua esse Secretário na sua função, com a sua
posição, ou se será demitido para que aprenda a respeitar, não só a Liderança
do seu Partido, mas também o seu Prefeito.
Gostaria de
saber, Ver. Cleom Guatimozim, e gostaria que V. Exa. fosse o portador dessa
pergunta, quem comanda a política municipal em Porto Alegre, se é o Prefeito
Municipal, se é V. Exa. - que o faz com muita capacidade, com amizade com todos
nós - ou se é o Sr. Fadel, que pouco se conhece? Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, a Verª Gladis
Mantelli, por inversão de tempo com o Ver. Ignácio Neis, em Comunicações.
A SRA. GLADIS MANTELLI: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores. O assunto que me traz à tribuna o nobre Ver. Flávio Coulon já
iniciou na Sessão de ontem à tarde, que é a visita da Profª Neuza Canabarro à
Comissão de Educação. Comissão esta da qual sou Presidente e culminou a sua
vinda a esta Casa um trabalho que a Comissão vinha realizando, que era um
trabalho de visitação às escolas municipais, para estudo e verificação “in
loco” da realidade existente. A preocupação que se teve em convidar a Sra. Secretária
a esta Casa, foi exatamente de que achávamos que era trabalho desta Comissão,
dentro do seu papel de fiscalizadora da ação do Executivo, após as visitações
feitas, que ocorreram no período de treze e vinte e nove de maio. Foram feitos
relatórios individuais de cada escola, diferentes e constatando uma série de
observações. O procedimento imediatamente seguinte da Comissão seria exatamente
começar a encaminhar as soluções dos problemas junto aos órgãos competentes. Na
oportunidade, estava toda a Comissão reunida, todos os seus cinco membros, Ver.
Adão Eliseu, Verª Bernadete Vidal, Ver. Mano José, Ver. Flávio Coulon e eu. E,
mais ainda, a Verª Teresinha Irigaray e o Ver. Frederico Barbosa participaram
desta reunião junto com a Sra. Secretária. Na primeira parte de reunião, a
Comissão apresentou o seu relatório e não teve realmente nenhuma das suas
observações contestadas pela Sra. Secretária. As contestações que a Sra.
Secretária trouxe foram em relação a um documento feito pela Associação dos
Professores Municipais. Agora, o que me traz a esta tribuna também, além de
referendar aquilo que o Ver. Flávio Coulon já havia dito ontem, que era elogiar
o gesto da Secretária, do qual eu não tenho nenhuma dúvida, até porque o
relacionamento da Comissão com a Secretária é um relacionamento muito positivo.
Nunca houve nenhum processo de atrito. E não é essa a intenção. Temos a plena
convicção de que a Sra. Secretária aqui viria, sem nenhuma dúvida, prestar os
esclarecimentos que nós desejávamos, trazer os documentos que trouxe e
apresentar, realmente, o seu cronograma de trabalho, que é um cronograma
intenso e que merece o aplauso da Comissão. Vários assuntos também foram
discutidos naquela oportunidade. E como a Comissão também tem os seus
compromissos, ela procurou agilizar uma série de situações com as quais ela
está comprometida.
Ontem, pela
manhã, falei com o Secretário da Saúde a respeito da retirada dos médicos das
escolas, fato constatado no relatório, mas que foi dito e ressaltado a Sra.
Secretária que não era responsabilidade dela a retirada destes médicos e, sim,
do Secretário da Saúde, e que a Comissão faria um contato com o Secretário.
Este contato foi feito e foi sugerido ao Sr. Secretário o retorno dos médicos
às escolas via distribuição de um plantão mínimo, de forma que este atendimento
pudesse ser feito nas escolas e não fora delas. O Sr. Secretário da Saúde
prontamente atendeu a solicitação da Presidenta da Comissão de Educação,
dizendo a esta Vereadora que poderia, inclusive, declarar em Plenário isto. Nós
estamos oficiando, porque a conversa foi informal, e comunicando às escolas
desta deliberação do Sr. Secretário da Saúde, que foi sensível à solicitação
desta Casa no sentido do retorno destes médicos das escolas municipais, na
medida em que a Administração Alceu Collares já encontrou todas as escolas
municipais equipadas de ambulatório médico e ambulatório odontológico. Então,
vai haver o retorno destes profissionais às escolas e manutenção de uma equipe
de enfermagem permanente para fazer este controle e este acompanhamento.
Outra
iniciativa feita, ontem pela manhã, foi uma visita ao Sr. Secretário de
Educação do Estado, Professor Bernardo, na medida de uma solicitação feita pela
Secretária Neuza Canabarro, de que havia da parte do Estado o não-cumprimento
do convênio, da reversão do convênio de 49, e que a coisa mais fundamental,
talvez, não fosse nem a questão do recurso, mas do grupo de trabalho que
existia, de cinco membros da Secretaria Municipal e de cinco membros da
Secretaria do Estado, e que este grupo havia sido desativado com a passagem de
Governo. Solicitei também ao Sr. Bernardes que constituísse imediatamente este
grupo de trabalho, encaminhasse à Secretária a sua composição, para que o mesmo
pudesse dar continuidade, imediatamente, aos estudos que o grupo faz, colocando
ao Estado a sua necessidade de recursos. Dentro deste cronograma, o Sr.
Secretário também prometeu-me, com a maior brevidade possível, constituir este
grupo de trabalho, para que se possa começar, efetivamente, o repasse de
recursos para as escolas municipais, dentro do cumprimento do convênio. E
também firmamos um outro compromisso com a Sra. Secretária, de discutir com a
Associação dos Professores Municipais o documento entregue por eles à Sra.
Secretária. A Comissão já encaminhou à Associação um ofício, convidando a mesma
para que, na próxima reunião da Comissão, esteja aqui presente conosco, a fim
de discutir com a Comissão uma série de informações constantes no documento. A
Sra. Secretária aportou farta documentação, contestando aquelas afirmações, e a
Comissão tem procurado se pautar num processo ético, no sentido de que aquilo
que não é verdadeiro deverá ser discutido. Ainda combinou com a Sra. Secretária
que, após esta reunião com a Associação, fará uma reunião Associação-Comissão-Secretária,
para que todas estas dúvidas deixem de ser levantadas, em qualquer momento, a
respeito da postura da Sra. Secretária frente a sua Pasta. Combinamos também
fazer - provavelmente no 2° semestre, já que em julho entramos em recesso - uma
visitação, juntamente com a Sra. Secretária, novamente, às escolas municipais,
para verificarmos em que condições, dentro do cronograma de atendimento que a
Sra. Secretária nos entregou, estão os trabalhos em termos de obras, dentro das
escolas municipais. Um outro assunto, que também se refere ao relatório
constatado pela Comissão, é a questão dos telefones públicos comunitários para
as escolas que não os possuem. Este trabalho também já estava sendo
desenvolvido à medida que a Comissão estava trabalhando e hoje já tem um
encontro com o Diretor da CRT para que se possa dar andamento na questão da
colocação de telefones junto às escolas municipais, para que elas possam ter
uma forma de comunicação com o exterior. O único problema pendente ainda é o difícil
acesso da Escola Municipal Judith de Macedo, e a Sra. Secretária me disse que
estão fazendo um estudo, mas eu não conheço o teor. Nós teremos que estudar a
possibilidade ou não de que a escola possa ser incluída dentro das escolas de
difícil acesso.
A Sra. Teresinha Irigaray: V. Exa. permite um
aparte?(Assentimento da oradora.) Verª Gladis Mantelli, Presidente da Comissão
de Educação da Casa, estava ouvindo atentamente V. Exa. e como participei da
reunião também, quero dizer que V. Exa. está exitosa dentro da convocação,
porque assistimos a um desenvolvimento cordial mantido por V. Exa., como
Presidente da Comissão, e pelos membros da Comissão, como também pela exposição
plena, razoável e que a mim satisfez, da Secretária da Educação, onde,
amplamente assessorada e com farta documentação, trouxe a esta Casa provas e
elementos que V. Exa. precisaria para poder saber como estão as coisas dentro
da SMEC e das escolas municipais. Acho que o encontro de V. Exa., como
Presidente da Comissão, com a Secretária da Educação, Neuza Canabarro, só
trouxe benefícios para esta Casa. Acho que o pronunciamento de V. Exa. dando o
fato, comentando e trazendo ao Plenário o encontro havido entre os Vereadores e
a Secretária, só prova que Executivo e Legislativo, nas causas prioritárias,
como Educação, Criança e Saúde, andam plenamente bem. Eu me parabenizo com V.
Exa., como também fiquei muito satisfeita com a exposição feita por V. Exa.
A SRA. GLADIS MANTELLI: Agradeço o aparte de V. Exa.
e, para encerrar, só diria que a vinda da Senhora Secretária não foi um
benefício necessariamente a este Legislativo, claro que foi um prestigiamento
deste Legislativo, mas, fundamentalmente, um benefício para as escolas
municipais e para crianças que estudam nessas escolas. Este é fundamentalmente
o resultado desta visita a esta Casa.
O Sr. Adão Eliseu: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento da oradora.) Parabenizo-me com V. Exa. pelo excelente trabalho
feito em torno dos assuntos referentes à educação no Município. O trabalho de
sua Comissão, da qual faço parte, provocou e ensejou a oportunidade para que a
Secretária da Educação viesse nos fazer uma exposição competente e abalizada,
de forma a rebater nossas questões, que lhes foram apresentadas de uma forma
elegante e capaz. Tanto a Comissão e especialmente V. Exa. e a Secretária estão
de parabéns pelo feliz trabalho que realizaram. De uma parte, V. Exa.
procurando fiscalizar, com a Comissão, os trabalhos do Executivo no que diz
respeito à educação do Município e, de outro lado, a Secretária nos trazendo
justificativas para aquilo que achávamos que estava sendo malfeito ou errado.
Meus cumprimentos.
A SRA. GLADIS MANTELLI: Agradeço o seu aparte. Acho
que o trabalho da Comissão deve permanecer nesse nível. V. Exa. integra a
Comissão e sabe que a preocupação que esta presidência tem é exatamente nessa
direção. Este trabalho não é partidário, é em prol da educação e da cultura
nesta Cidade, com o qual contamos integralmente com sua participação e temos
consciência disto, nobre Vereador. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTE (Gladis Mantelli): Com a palavra, o Ver. Rafael
Santos, por cessão de tempo do Ver. Hermes Dutra.
O SR. RAFAEL SANTOS: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, neste momento em que o Brasil elabora a sua nova Constituinte,
todos os assuntos vem à baila e se permite que a Nação brasileira discuta os
mais variados problemas, que vão desde a jornada de trabalho até a proteção da
família, o aborto, o tipo de governo que se deve estabelecer no País e, no entretanto,
não ouvi até agora nenhuma discussão a respeito do assunto que
indiscutivelmente interessa a um segmento importante de brasileiros e interessa
de um modo especial ao próprio desenvolvimento político de nosso País.
Refiro-me à legalização do jogo. Em 1945, o então Presidente da República,
Eurico Gaspar Dutra, proibiu o jogo em todo o território nacional. No início,
foi uma verdadeira campanha contrária ao jogo. Até as casas de família onde se
reuniam chefes de família para um jogo familiar eram muitas vezes invadidas
pela polícia, porque havia denúncias de que nesta ou naquela residência estava
havendo jogo. Com o correr do tempo, na realidade, o jogo começou a sumir em
todo o País. O brasileiro gosta de jogar, isso é óbvio, haja vista que o próprio
Poder Público incentivou, através das loterias - loto, loteria estadual e
federal, loteria esportiva. Joga-se diariamente nesta Nação. O “jogo do bicho”
não foi oficializado, mas pelo menos é aceito pacificamente, hoje, em todo o
Brasil. Um dos Estados onde menos se joga o “jogo do bicho” é aqui no Rio
Grande do Sul; entretanto, aqui se joga no bicho em qualquer lugar desta
Cidade. Não há quem não saiba e não conheça os pontos de arrecadação do jogo.
Em outros Estados, como tive oportunidade de verificar em algumas Capitais, a
aposta e a arrecadação do “jogo do bicho” é nas praças da cidade, com mesinhas,
guarda-sóis, etc., onde se vê livremente o “jogo do bicho”. E em quase todos,
se não todos os Estados brasileiros, hoje, existem cassinos clandestinos funcionando.
Aqui no nosso Estado cassinos clandestinos funcionam. E é fácil se chegar a
qualquer um desses cassinos. E, no entanto, parece que há um receio de se
debater publicamente o problema do jogo. Quando me parece que é chegado o
momento de se legalizar o jogo, para que possa, também o Poder Público,
usufruir das vantagens deste jogo. Há uma permanente preocupação do Poder
Público de arrecadar mais. Todos os dias nós estamos vendo a preocupação do
Governo aumentando impostos, criando compulsórios, sob a alegação da
necessidade que tem o Poder Público de arrecadar mais quando, através da
legalização do jogo, poderia terminar esta arrecadação, uma enorme arrecadação.
Um cassino bem montado, bem estruturado, bem legalizado, permite que se
desenvolva a área artística. Sempre foram os cassinos que patrocinaram a vinda
dos grandes artistas, que patrocinaram a vinda dos grandes músicos, porque a
estrutura do cassino permite que isso seja feito, e por ser acessível à
população. E, no entanto, parece que aqui no Brasil se tem medo de falar, se
tem medo de discutir este problema, que me parece que é de grande importância
para a Nação, já que hoje se observa, se sente o sentimento nacional favorável
à regulamentação do jogo, tanto que se joga em toda a parte e ninguém reclama.
Não vemos ninguém reclamar que se está jogando no “jogo do bicho” em toda a
Cidade.
O Sr. Paulo Sant’Ana: V. Exa. permite um
aparte?(Assentimento do orador.) Atualmente, Vereador, no País, existem vários
cassinos clandestinos funcionando a “mil”, funcionando a todo o vapor, sem que
esta atividade seja tributada pelo Poder Público. Nós conhecemos os hipódromos
de todo o País - nada contra as corridas de cavalos - e há jogo, há jogo da
loteria e, como disse bem V. Exa., o “jogo do bicho” é uma das atividades que
carreia um montante dos maiores que existe no País, mais do que qualquer outro
setor, e esse dinheiro todo não tem origem, o Imposto de Renda, por exemplo,
não taxa o “jogo do bicho”. Então, o discurso de V. Exa. se soma a outras
manifestações insistentes para a legalização do jogo, que me parece seja o
caminho certo, e nós temos que encarar este problema, de forma que esta
Constituinte já estabeleça a legalidade do jogo em todo o País, de forma que o
Poder Público possa taxar os impostos em cima dessa atividade que já é livre no
País.
O SR. RAFAEL SANTOS: Eu agradeço seu aparte e
lembro as palavras finais de seu aparte: ‘o jogo é livre no País”. Na
realidade, há um sentimento nacional de que é ridículo estar impedindo que se
jogue. Então, por que não organizar este jogo? Por que não transformar numa
fonte de renda para o Poder Público e por outro lado permitir que se
estabeleçam grandes cassinos que irão fornecer empregos a um número expressivo
e pessoas, promovendo a área artística e cultural?
O Sr. Jorge Goularte: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Parece uma hipocrisia dizer-se que é proibido o jogo
no País, quando clubes particulares fazem jogos, carteados, há muito tempo. Por
outro lado, o Brasil perde semanalmente divisas porque há brasileiros que
viajam à fronteira de nosso País para jogar e para por em outro país o dinheiro
que poderia ser aqui aplicado.
Por isso me
somo a V. Exa., porque acho um absurdo a proibição do jogo em nosso País.
O Sr. Aranha Filho: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Estávamos num congresso, em Fortaleza, e fomos a um
cassino. Qual não foi a nossa surpresa, pois, que proliferavam carros, chapas
branca e preta, frente ao mesmo. De São Paulo para cima, o jogo é liberado, é tranqüilo.
Não vejo por quê não abrir o jogo da forma como V. Exa. propõe dessa tribuna.
O Sr. Brochado da Rocha: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Em primeiro lugar, acho que é necessária uma
colocação: o comportamento do Banco Central do Brasil é um os maiores cassinos
do mundo. Gostaria de registrar isso claro para que não se pense que o Brasil
pense grande, pois faz de seu Banco Central o maior cassino o mundo. Basta
observar nos jornais que a Caderneta de Poupança, para a qual havia sido
assegurada uma paridade entre ela e a inflação, não ocorreu. De outra forma,
acho que o jogo não é liberado no Brasil, exceto aqueles que já existem, a
loto, loteria esportiva e jóquei, porque é uma falsa moral, já que todos são
jogos. Mas, o “jogo do bicho” passa por outros caminhos. Diria a V. Exa., para
concluir e lhe oferecer resposta, que o jogo não é instituído no Brasil pelos
mesmos motivos que determinado filme, o qual não me recordo o nome, foi
simplesmente proibido porque alguém assim queria. Aliás, era um
ex-correligionário seu quem patrocinou o licenciamento do filme que, aliás, é
irrelevante. Mas foi proibido pelo mesmo motivo que é proibido o jogo.
O Sr. Jaques Machado: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) É de grande valia e interessante, porque nós temos,
hoje, em Porto Alegre, já minicassinos, neste caso funcionando, e está se
criando até um ponto turístico na Cidade, que é o “jogo do osso”, no primeiro
andar da Galeria do Rosário, onde podemos jogar a qualquer hora do dia, está
funcionando quase que 24 horas, trazendo turistas do interior do Uruguai e da
Argentina, que vem ao “jogo do osso” na Galeria do Rosário. Até faria um
convite aos Vereadores: que conheçam estas Casas que nós temos funcionando em
plena cidade de Porto Alegre, que em parte não prejudica em nada, e que estão
dando empregos e trazendo pessoas aposentadas que ficam ali jogando. Também
temos, no Beira-Rio, um verdadeiro cassino, com jogos de bingo e outros e não
vejo ninguém prejudicado. Estamos solidários ao seu pronunciamento e se for o
caso de liberar o jogo em Porto Alegre, pode contar com o nosso voto e o nosso
apoio.
O Sr. Werner Becker: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Temos um outro exemplo de cassino, que é o mercado
financeiro, que também é um cassino desonesto, porque as aplicações a prazo
fixo, quando davam menor do que a inflação, eram resgatadas pelo fixado, agora,
quando a inflação é maior, aplicam a tablita no prazo fixo, quer dizer, quando
o jogador ganha no cassino do banco eles não pagam, quando ele perde, ele paga.
A segunda é
quanto ao cassino de Fortaleza. Fui jogar lá - sou cassioneiro, porque jogo em
Montevidéu, em Foz do Iguaçu - e só ganham na terceira jogada, estavam pagando
na quarta e com ficha a menos, isso significa que não estavam pagando a
proporção de 1.36, então fui embora, porque ali perderia sempre. Então prefiro
cassino oficial, que pague 9 na quadra e não 8 como se faz em Fortaleza.
O SR. RAFAEL SANTOS: Sr. Presidente, agradeço à
Mesa. E nos resta a grande pergunta: a quem interessa não legalizar o jogo
neste País? Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Tempo de Presidência, Ver.
Brochado da Rocha.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores. Chamado ao debate pelo Ver. Flávio Coulon, cumpri a minha obrigação
de responder a S.Exa...
O Sr. Aranha Filho: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Sra. Presidente, gostaria de fazer uma comunicação à
Casa e especialmente à Vereadora Gladis Mantelli, Presidente da Comissão de
Educação da Casa, que, hoje pela manhã, no Colégio Farroupilha, houve o anúncio
de que iria explodir uma bomba. Quase duas mil crianças realmente apavoradas
tiveram que se dirigir às suas casas, inclusive sem o devido acompanhamento.
Para lá se dirigiu a força policial, a Secretaria da Segurança, bombeiros, e
até agora não liberaram o colégio. Neste sentido, eu pediria que a Casa e a
Presidente da Comissão de Educação da Casa, acompanhassem o assunto de perto.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Chamado ao debate pelo Ver.
Flávio Coulon, me cabe oferecer a resposta. Quero dizer ao ilustre Vereador que
o assunto que S.Exa. focou vem se arrastando na Casa há muito tempo. Há um
tempo muito longo, de certa forma e de certa maneira, coisas idiossincrásicas
existiam no Município de Porto Alegre. De outra parte, queremos dizer, agora
fazendo um relato sobre o assunto, diríamos que a Assembléia Legislativa do
Estado votou uma Lei fixando vencimentos para o Sr. Prefeito e para o Sr.
Vice-Prefeito nos Municípios do Rio Grande do Sul. Examinado o assunto pela
Casa, se não me engano mandava essa Lei que o Sr. Prefeito recebesse três vezes
o salário do Vereador. O Sr. Prefeito de Porto Alegre, primeiro, não desejou se
auto-aplicar, segundo, esta Casa declarou em correspondência escrita que, da
forma que estava redigida, havia dois problemas, primeiro: a Assembléia, ao
fazer a Lei, estabelecia que o aumento deveria ser anterior à data da eleição
do Prefeito eleito, ou seja, deveria ser votada em outubro e o mandato do
Prefeito deveria ser em janeiro. Ou seja, antes da eleição do novo Prefeito.
Ademais, entendia a Casa que era auto-aplicável, mas que não cabia à Casa
aplicar aquela norma cogente da Assembléia. De outra forma, o Tribunal de
Contas, em matéria que foi amplamente divulgada pela imprensa, julgou a Lei da
Assembléia, como um todo, inconstitucional, que, aliás, era também o nosso
entendimento, de vez que nós achávamos que a Assembléia tinha extrapolado na
sua competência e entrado dentro da seara do Município. De tal sorte que,
então, se encaminhou um aumento, um reajuste para o Sr. Prefeito, desconhecendo
aquela Lei da Assembléia, nos moldes anteriores. Até mesmo o próprio Tribunal
de Contas havia julgado legal. Muito bem! Posteriormente, a Casa, através das
suas assessorias, procurou as assessorias do Tribunal de Contas e manteve com
elas conversações de como deveria proceder. Dentro da forma que o Tribunal de
Contas entendia, através dos seus assessores, coordenadores-gerais, foi assim
feito. Mas, adianto mais, para o ilustre Vereador, de nossa parte também votada
a Lei, nós remetemos. O Decreto está no Tribunal de Contas. Foi remetido “ipsis
literis” todo o Processo, de tal sorte que nós nos sentimos rigorosamente à
vontade, posso até falar com o Ver. Flávio Coulon muito à vontade, sei que
S.Exa. tem um Projeto na Casa que visa a regular a matéria que, no meu
entendimento, seria muito mais razoável do que nós andarmos agrupando números,
somando OTNs e fazendo correções sem nenhum critério fixo, sem nenhuma norma
fixa. De outro lado, quero dizer ao ilustre Vereador - sei que não foi este o
objetivo de S.Exa. - que vislumbro no quadro brasileiro um quadro de caça aos
políticos. Uma caça muito bem dirigida aos políticos, em primeiro lugar, e aos
funcionários públicos, em segundo lugar. Houve até momentosos programas de
televisão sobre isto. Nós gostaríamos que os próprios examinassem a si mesmos e
que a moralidade não fosse uma moralidade poética de entender que o político
era uma pessoa dissociada do mundo, ou seja, as entidades privadas podem ter os
maiores lucros, sem taxações, enquanto que aos políticos querem atribuir um
ganho quase a nível sacerdotal. Em primeiro lugar, o sacerdócio já está meio
superado em nossos tempos. Em segundo lugar, seria muito lirismo. Mas existe
esta caçada aos políticos dirigida e perpetuada por outros interesses muito
específicos e muito claros. De outra forma, vejo que não é o caso do ilustre
Vereador que, até, tem um Projeto na Casa, alguns políticos querem fazer
escadas nos seus próprios colegas, ou seja, confiam no patriotismo de alguns
para votar os seus aumentos, eles votarem contra e depois irem no guichê
receber. E há um outro tipo de político muito interessante, Ver. Flávio Coulon:
os que normalmente estão a serviço de outros interesses e não precisam do
salário de político. Estes políticos costumam, numa catilinária maravilhosa,
abrir mão de seus salários. Eu diria a V.Exas. que o mundo em que vivemos não é
muito compatível com este tipo de procedimento. É uma demagogia muito
interessante, é uma demagogia que até prolifera, está fazendo escola. No
entanto, numa visão mais histórica do problema, nós sempre vemos que este tipo
de procedimento é muito coerente com as grandes oligarquias. Reparem que,
quando instaurada a revolução no País, uma das primeiras providências do então
Presidente Castelo Branco foi estabelecer a gratuidade dos mandatos dos
Vereadores. Claro que o Presidente Castelo Branco devia estar inspirado por
aquela figura fantástica que se chama Roberto Campos, cujo civismo, cujo
sentido pátrio nós todos conhecemos, tanto é que, para alguns, quando se diz
Roberto Campos, as pessoas não sabem quem é, porque ele é mais conhecido pela
alcunha de “Bobby Fields”, de tal sorte que eu digo que se procedeu dentro dos trâmites
normais, regulares, com consultas prévias, e que estas consultas continuarão,
mas dentro deste quadro. Mas eu queria dizer que era um constrangimento para a
Casa penalizar o Sr. Prefeito em receber, com toda a representação que tem, a
quantia que recebia, e achava que nós devíamos divergir do Sr. Prefeito em
tudo, menos no pessoal, isto em muitos anos de oposição nesta Casa, e até tenho
saudades disto, e muita, talvez mais saudades do que amor pela citação, e
discordei em público dos Senhores Prefeitos, menos num ponto, o pessoal, contra
os quais nunca saquei e contra os quais nunca pretendi colocar em penúria e
sobretudo forçar uma norma que é estabelecida, e vou dizer porque está nos
jornais, de o Sr. Prefeito receber de auxiliares quotas, porque acho que no
fundo não contribui para uma situação real.
O Sr. Flávio Coulon: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Em primeiro lugar, Sr. Presidente, sou grato a V.
Exa. pela honra que me dá de ocupar a tribuna para oferecer publicamente a explicação
ao pedido que fiz à Mesa. Em segundo lugar, por uma questão de justiça, como
não foi referido nas suas palavras, que a minha questão não se centrava no
mérito, uma vez que votei a favor e defendi na tribuna esse Projeto encaminhado
por V. Exa., por achá-lo absolutamente meritório. A razão da indagação foi uma
questão de tranqüilidade minha e desta Casa neste momento, em relação a uma
nota publicada no jornal, de que o Tribunal de Contas levantaria a ilegalidade
desse ato. Tão-somente foi o aspecto de legalidade pública que levantei e a
minha própria atitude demonstra no sentido de julgar o mérito, conforme V. Exa.
muito bem me fez justiça. Estou com um Projeto nesta Casa justamente para tirar
da Casa este cálculo que V. Exa. muito bem se referiu. Mais uma vez, Sr.
Presidente, fico muito honrado com a gentileza de V. Exa. para com esta minha
questão colocada. Sou grato.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: V. Exa. me dá oportunidade
de explicar a V. Exa., ao Plenário e a quem interessar possa. Há muitas pessoas
neste País que não querem homens públicos, querem prepostos de subalternos
interesses e setoriais interesses, ou querem voltar à idéia medieval e terem as
suas terras medievais e com elas terem os seus peões, e com os seus peões, sem
nenhuma ordem, impor-se pela força que o poder econômico possa gerar. Entendo
perfeitamente e consigo flagrar através do curso da História este movimento.
Para terminar, diria que, dentro do processo de redemocratização da América
Latina uma das coisas mais claras que se vê, é essa injuriosa campanha contra
os políticos, de um modo geral, quer sejam eles do partido A, B ou C. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha Irigaray): Com a palavra, o Líder do
PDT, Ver. Cleom Guatimozim.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, nós, pela Liderança do PDT nesta Casa, desejamos declarar que
recebemos as manifestações do Dep. Amaury Müller a respeito do Consulado
Israelense do nosso País como uma manifestação própria dele, Deputado. A manifestação
feita por S.Exa., Vice-Líder do PDT na Câmara dos Deputados e Deputado
Constituinte, não reflete o pensamento do Partido Democrático Trabalhista.
Verifica-se já, no embrião, na própria Bancada municipal desta Casa, onde as
palavras de S.Exa. foram assim recebidas. Ontem, falávamos com um dos líderes
do trabalhismo no Estado, Dr. Sereno Chaise, e ele nos declarava que também
entendia assim, e que as declarações são da responsabilidade exclusiva de
S.Exa. O que fez o Embaixador Itzhak Sarfaty foi simplesmente contestar o
abaixo-assinado, com a assinatura de aproximadamente 300 parlamentares, e da
qual o Sr. Amaury Müller era o principal signatário, o autor do documento.
Nesta contestação em que o Embaixador se dirigia ao Constituinte, num ato legítimo,
porque este País busca uma democracia plena ou não? Se o Embaixador de um país
com representação no território nacional não tem condições de fazer a sua
manifestação, a manifestação do seu direito, do seu entendimento, publicamente,
sem receber a ameaça de expulsão do País, então, estamos, Srs. Vereadores,
naquela democracia de alguns anos atrás: um rótulo de democracia e que nós
sabemos nunca correspondeu a uma democracia. Na carta, o Embaixador disse que a
brasileira Lamia Maluf Assan estava presa por delitos criminais e não por
motivos políticos. Havia um engano de parte daqueles que redigiram o documento,
porque o motivo não era político e sim criminoso, e teve como resultado a
prisão perpétua por um tribunal israelense. O ato do Embaixador, que me pareceu
democrático, aberto, foi considerado em documento arrogante, atrevido,
insolente, e o Vice-Líder do PDT pediu a expulsão do Embaixador. É exatamente
neste ponto que entramos com a intervenção do atendimento da quase totalidade
do PDT municipal de que as manifestações do Sr. Amaury Müller foram em seu
próprio nome. O PDT, falando especificamente a nível de Capital e de Rio
Grande, sempre reconheceu na comunidade israelense, com a qual nós mantemos as
melhores relações internacionais, uma comunidade ativa, próspera e que dá a sua
contribuição em todos os setores da atividade humana, aceitando as leis
brasileiras, subordinando-se a elas e formando junto conosco, brasileiros, uma
irmandade que busca levar o Brasil para o caminho da arrancada industrial.
Então, o Sr.
Amaury Müller, Deputado Federal do nosso Partido, do PDT, falou em seu próprio
nome. Não entramos, inclusive, em outras considerações, por entendermos que o
documento era um documento anti-semita. As manifestações feitas foram
manifestações anti-semitas, e este é um País democrático que alega, a todo o
momento, que reconhece o direito das minorias. Sabemos que essa manifestação do
Deputado Federal do PDT deu oportunidade para que outros parlamentares, como o
Dep. Hermes Duque, que é da Liga de Defesa Brasil-Árabe, tomasse, também, uma
posição contrária às declarações do Embaixador.
Ao entendermos
que não houve ingerências do Embaixador nos assuntos brasileiros, nós também
compreendemos e deixamos claro, nesta oportunidade, que a comunidade israelense,
nesta Capital, neste Estado e neste País, merece a mais alta consideração do
povo brasileiro, pela sua participação efetiva na nossa sociedade, e declaramos
que as declarações do nosso Deputado foram por sua conta e risco, em seu
próprio nome, não envolvendo a sigla do PDT. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
(Obs: foram
deferidos Requerimentos como consta na Ata.)
(É feita
verificação de “quorum”.)
O SR. PRESIDENTE: Constatada a inexistência de “quorum”,
encerro os trabalhos da presente Sessão, convoco os Srs. Vereadores para a
reunião das Comissões Permanentes e convido-os para a Sessão Solene a seguir.
(Levanta-se a Sessão às
15h40min.)
* * * * *